Neste blog falo com frequência sobre demência como causa de uma curatela. Neste post, por exemplo, falo dos sinais de que uma pessoa deve ser curatelada. Nesse texto falamos de curatela justamente em caso de demência.
Mas como cumprir esse projeto de desmistificar a curatela, sem explicar o que é demência? Ainda que existam outras causas da curatela, a demência é a principal razão que nos leva a um processo de interdição.
Por isso, senti necessidade de trazer informações médicas sobre a demência, a fim de ajudar as famílias que procuram informações aqui.
O que é demência
Drauzio Varella, uma referência no Brasil sobre divulgação científica de Medicina, explica que demência é o declínio gradativo dos marcos cognitivos. Em outras palavras, é a deterioração da capacidade de relacionamento com o ambiente e de coletar as informações à nossa volta para usá-las a fim de tomar uma decisão.
A demência é mais comum em pessoas idosas e o incremento dos casos se deve, justamente, pelo aumento da longevidade da população. A existência de histórico familiar de demência é muito relevante, inclusive para seu aparecimento mais precoce.
Como os casos de demência impactam a vida dos pacientes e familiares
A demência é uma condição de saúde que impacta na vida de toda a família. Ninguém vivencia o estado demencial sozinho. No dia a dia do escritório de família podemos acompanhar como a demência mal abordada por gerar ou agravar conflitos familiares.
Isso porque a negação do que está acontecendo cobre o familiar doente com um manto de silêncio e tensão. Isso cria um ambiente inflamável, em que uma faísca pode gerar um grande incêndio.
Drauzio Varella fala sobre esse comportamento familiar de relativizar os sintomas:
Fingir que a demência não está se instalando não faz com que ela desapareça. Ao contrário, oportunidades de ouro são perdidas porque uma abordagem adequada não é buscada.
As pesquisas apontam que, ao menos, 1,76 milhão de pessoas têm alguma forma de demência no Brasil. Essas pessoas não podem ser negligenciadas em seus sintomas e suas necessidades. As famílias precisam compreender como dar a melhor perspectiva para uma pessoa que está desenvolvendo um estado demencial.
A busca de ajuda especializada
Se há desconfiança de que alguém próximo está com declínio cognitivo, não espere ter certeza de que é demência para procurar ajuda. Não espere também que todo mundo concorde que procurar um bom médico é o melhor caminho.
Ao primeiro sinal de demência em alguém que você gosta, procure um médico especializado no tema, que não negligencie os sintomas e que saiba como tratar a questão. Demência não tem cura, mas tem abordagem adequada. O Dr. Daniel Quiroga tem uma campanha muito importante de especialização dos médicos em demência.
Mas não busque apenas ajuda médica. Busque ajuda psicológica para toda a família e outras especialidades da área da saúde que possam fazer uma abordagem multiprofissional para o cuidado do paciente.
Procure também um advogado especializado em curatela. Alguém que entenda do processo e da acolhida das famílias nessa situação.
O Dr. Drauzio usa uma frase muito importante no segundo vídeo: “nós chamamos de demência essa perda da capacidade de tomar decisões razoáveis.” Ou seja, não é mero esquecimento, é uma incapacidade. E para incapacidade, a solução jurídica é a curatela, sempre buscada de maneira digna e personalizada para cada pessoa a ser curatelada.
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